segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Setembro Amarelo - Um olhar cristão para os cristãos


Chegamos ao mês de setembro, o mês de conscientização e prevenção ao Suicídio. Mas por que amarelo para definir esse mês? Em 1994 o jovem norte americano, Mike Emme tirou a própria vida, dirigindo o seu carro amarelo; no seu funeral, amigos e familiares distribuíram cartões com fitas amarelas com mensagens de apoio para pessoas que estivessem enfrentando as mesmas dificuldades.

Como cristãos que não (ou ainda não) passamos por tamanho desespero, podemos pensar: Até que ponto a pessoa pode chegar frente ao desespero, angústia e tamanha aflição? Antes de responder, precisamos lembrar que a tristeza está presente em muitas passagens bíblicas e conhecemos homens de fé que tiveram o mesmo anseio de terem as suas vidas interrompidas.

Em Números 11.11 Moisés, frente ao excesso de trabalho e as recla mações do povo, pede para que Deus dê fim a sua existência: “Se assim me tratas, mata-me de uma vez, eu te peço, se tenho achado favor aos Teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria”. Em Jó 7.16, depois de uma mudança drástica de vida, do seu estado de saúde e depois de tantas perdas, Jó desabafa: “Estou farto da minha vida; não quero viver para sempre. Deixa-me, pois, porque os meus dias são um sopro”.

Jonas, indignado com a remissão de um povo que ele julgava indigno de perdão, se revolta ao ponto de também desejar a morte: “Peço-te, pois, Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver” (Jonas 4.3). Elias, sofrendo  perseguição depois de ter enfrentado os profetas de Baal, sente-se sozinho, temeroso e desamparado, também deseja a morte: “Basta, toma agora Senhor a minha alma” (I Reis 19.4).

Observe como cada um teve um motivo diferente para desejar a própria morte. Isso nos fala bastante, pois muitas vezes julgamos apenas por um ponto de vista, por exemplo: “foi covardia, foi fraqueza, foi egoísmo”. Como é importante um olhar de empatia frente as pessoas que sofrem das mesmas aflições que pessoas na bíblia, homens de Deus e profetas sofreram. Qual atitude Deus espera que tenhamos? Conhecer o que está acontecendo é o primeiro passo a se dar.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde e dados estatísticos do Centro de Valorização da Vida, a maioria dos casos de suicídio são decorrentes de quadros de doença mental. A enfermidade mental ou emocional também é uma mazela que muitos enfrentam nesse mundo decaído pelo pecado; mas elas se igualam a quaisquer enfermidades de outra natureza e devem ser tratadas como tal. Em Tiago 5.13 diz que, se há alguém entre nós em enfermo, ore! “E a oração da fé salvará o doente e o Senhor o levantará”.

Tenha uma escuta acolhedora, a tristeza que é silenciada adoece a alma. Paulo instruiu a igreja de Tessalônica e Romanos diversas vezes quanto ao consolo mútuo entre os irmãos: “Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente” (I Tes. 5.11), “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” (Romanos 12.15). Além de diversos outros textos de exortação ao amor fraternal.

Muitas vezes simplificamos ou diminuímos o sofrimento do nosso próximo entregando uma solução rápida ou resumindo a situação à falta de temor a Deus. No momento em que essasp pessoas mais precisam ser abraçadas, ouvidas e compreendidas, uma atitude assim tende a afastar ainda mais, não apenas do seu convívio social, mas até mesmo de sua fé. Você pode revelar o cuidado e o amor de Jesus nessas vidas através das suas atitudes. Veja como Jesus agia frente a diagnósticos errôneos de seus discípulos: “E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (João 9.2-3).

Deus tem um propósito maior por detrás de tamanho sofrimento, Jó no final de tudo, afirma: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem” (Jó 42.5). Auxilie essas pessoas para mais perto de Deus, Ele nunca desperdiça uma dor, não tenha a mesma atitude dos amigos de Jó. Saiba acolher, ore, abençoe essas vidas com a sua companhia e sim, ajude-as a encontrar conforto em Deus, mas esteja disposto a ouvir sem julgamentos ou conclusões precipitadas.

Muitos casos precisam de acompanhamento especializado, assim como qualquer outro tratamento médico. Nos compadecemos por pessoas que descobrem um câncer, mas conseguimos ser tão frios e indiferentes frente às tristezas e outros quadros clínicos que envolve a saúde mental. É a mesma coisa e ainda mais perigoso, pois o que tange as emoções tira a nossa paz, drena a nossa alegria e nos coloca em um poço de desespero, sozinhos. O tratamento é muito importante! Encaminhe, vá junto com a pessoa se for preciso.

Que o Senhor nos ajude a ter o que for preciso para cuidarmos uns dos outros e sermos sensíveis ao sofrimento daqueles que estão próximos a nós, quer seja em nossa comunidade de fé e naqueles que precisam ter a sua alegria restaurada em Cristo. Que como cristãos, possamos levar essa esperança a outras pessoas, sabendo que uma medida não exclui a outra. De Deusvem todo o conhecimento e Ele conferiu saber ao homem para que o cuidado e a cura alcancem aqueles que tanto precisam nesse mês e todos os dias.

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Selma, converse sobre isso com alguém. Você pode ligar 188 no Centro de Valorização a Vida. Eles têm um pessoal muito bem treinados para atender pessoas que estão sofrendo. Não desista da vida, existe uma razão para você ter passado por aqui e não foi para desistir.

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