terça-feira, 1 de novembro de 2016
Ah mãe, não quero ir pra escola hoje...
Vou confessar uma coisa, eu nunca gostei de ir pra escola. Talvez seja pelo fato de eu ter estudado em 7 escolas diferentes, tanto públicas como particulares. Por quê? Questões familiares. Sinto informar, mas o bullying é real tanto em uma quanto em outra e há professores excelentes e outros péssimos, tanto em uma quanto em outra.
Mas o que eu não gostei, foi perceber o quanto aquele modelo ainda é reproduzido, não apenas em algumas instituições de ensino, como em muitas outras partes da vida. Vamos lá.
Na escola eu precisava usar um uniforme, começa por aí. Além disso, tinha tanta grade, muro e portão na escola, que de boa... Eu não me sentia muito bem passando metade do meu dia lá não. Mas ok, eu também estudei em escola particular; muros? Confirma. Uniforme da cabeça aos pés? Copiado. "Mas Lygia, o uniforme é pra segurança das crianças e pros guardas saberem quando o aluno estiver fora da escola". Ok, eu levava outra camiseta na mochila e mesmo de uniforme nenhum guarda me parou quando me viu matando aula.
Antes da sua revolta em saber porque eu matava aula, deixe-me explicar. As meninas de outras séries olhavam pra minha cara e diziam que iriam me socar. Eu achei um exagero, mas depois que fizeram fila pra estapear (a cara) da minha amiga Karen, eu pensei que a melhor defesa seria a matança de aula. E eu não gostava da escola, parecia um presídio. Meus pais estavam se separando, eu tinha 14 anos e ainda tinha que apanhar na escola? Não, né.
Mas voltando ao assunto. Percebi nas escolas que eu estudei que eu precisava ser igual a todo mundo, quanto mais eu tivesse, melhor e mais odiada eu seria, talvez "amada" por alguns interesseiros. Qualquer semelhança com a realidade adulta, é mera coincidência. Eu também deveria corresponder exatamente ao que a professora queria em prova, senão eu seria reprovada. Ou seja, faça o que eu mando do jeito que eu quero, não traga ideias novas ou um jeito novo de fazer a mesma coisa. A única diferença entre esse aspecto no passado e a vida real de hoje é que o chefe pode se apropriar da sua ideia e dizer que foi ele... hahaha... haha... ha.
Vocês percebem aonde começou esse problema de ter que ser igual todo mundo? De ter para ser? De reproduzir sem questionar? Desde pequenos somos tratados mal por sermos diferentes, a singularidade e individualidade são tão relativos quanto o estudo do efeito do caos pela batida de asa da borboleta. Essa semana eu discuti com a minha avó sobre o penteado afro, porque ela falou que se tivesse cabelo crespo faria de tudo para "assentar" o danado. E você pode achar que por ser a minha avó ela tem um pensamento retrógrado, né? Nesse mesmo ano eu discuti com uma amiga quase da mesma idade que eu que falou que cabelo cacheado deve dar um trabaaaaaalho pra desembaraçar. E vem cá? Você que está lendo, quantas você conhece que faz progressiva? Isso se você mesmo já não fez. E eu fiz!! Por vários anos.
Agora vamos as notas. Estamos na escola, recebemos notas de 0 a 10, de A a D (ou E, sei lá). Daí, vamos a empresa, recebemos nota no trabalho, na avaliação de feedback, 360º... Pô!!! Quando eu estiver na minha velhice, será que ainda estarão me dando nota? "Ah Lygia, a sua velhice é nota 10. Quase não tem rugas" - "Obrigada doutor". E na vida a gente não avalia todas as pessoas também? Todo mundo passa por um crivo. "Fulano se veste mal, Ciclano é esquisito, Deutrano é chato". Rotular, nada mais é do que colocar uma nota com uma caneta vermelha nos outros, e depois empurrarmos ele pra um canto, assim como víamos ou fazíamos na escola, anos atrás.
Trabalhar de terno ainda não é uniforme? "Mas o meu é Armani!" Aaaaaaah bom! Então ok. É tudo a mesma coisa, com idades diferentes. Ficar trancado em período integral em um mesmo lugar não te dá um saudosismo gostoso de uma época lá de trás? Lembra o quê? Mano!
Conversei muito sobre isso com uma amiga minha de 14 anos e fiquei horrorizada em ver como a escola que ela estuda hoje é a mesma que eu estudei há vinte anos atrás. E ver que o bullying é o mesmo, nada mudou. Além de tantas outras coisas!
Agora eu vou falar com os meus irmãos queridos, porque o mesmo comportamento acaba entrando dentro da igreja. Quem é diferente, está fora. Além disso, também tem competição de ego, de status, tem uma compreensão limitada do amor de Deus, ao acharem que precisam fazer algo pra conseguirem a salvação, ou pra terem algo em troca de Deus. Não!! O resto do mundo já é assim, minha gente. E é o amor Dele que restaura, é a bondade Dele que leva ao arrependimento, é a fé no Seu filho Jesus que salva! Para de forçar a barra e querer colocar todo mundo dentro de uma caixinha.
Bom, é isso. Deus ama a individualidade, foi Ele quem pintou os seres humanos de várias cores, fez todas as personalidades: fez o colérico, fleumático, melancólico, sanguíneo. Além disso, nem todo mundo nasceu em berço de ouro e nem todo mundo nasceu sem condições. Ao invés de torcer o nariz a gente poderia se ajudar mais. O que acham?
Beijos de uma diferentona com muito orgulho.
Lyli: novembro/2016
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirExcelente reflexão.
Excluir