segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Bohemian Rhapsody

Pra quem não sabe eu sou fã de Queen desde que eu me entendo por gente. Sim, meus pais ouviam quando eu era bem pequenininha e muitas letras do Queen eu não sei cantar, simplesmente porque quando eu era criança naturalmente eu não sabia inglês, então cantava do meu jeito: “Uí uêu uí uêu róquiú!”. Aliás, me surpreendo até hoje com algumas letras porque eu não sabia e ainda não sei. Sério! De verdade! Nas Olimpíadas de 1988, aos 4 anos eu vi e ouvi Freddie Mercury cantando How Can I Go On com a Monstserrat Caballe e essa música me arrepia até hoje. 

Quando o Fred faleceu em 1991, eu tinha 7 anos e eu chorei. Chorei quietinha no meu canto, porque eu sabia que alguém que eu gostava tanto de ouvir não estava mais respirando e que seu coração não estava mais batendo (na minha cabeça de criança eu via a morte dessa forma). Minha mãe falou na época que ele morreu porque tinha AIDS e não me explicou muito a respeito, apenas que ele gostava de homens. Mais uma informação na minha mais tenra idade. 

Quando saiu o filme, eu fiquei tão absurdamente ansiosa para ver! E sim, eu chorei o filme quase que inteirinho, inclusive quando ele fala para Mary que ela é o amor da vida dele (Love of My Life). Depois que o filme acabou e eu quase levei um capote na poça de lágrimas ao deixar o cinema, eu fiquei pensando em tanta coisa e hoje eu acordei pensando ainda mais, não pergunte o motivo, mas achei importante escrever. Na verdade, é um questionamento, um questionamento sobre trocar o eterno pelo transitório, ou, trocar o durável pelo passageiro. 

Eu não sei se as coisas aconteceram exatamente como descreve o filme, mas vou falar sobre como o filme retrata, que não é muito diferente do que já aconteceu na vida de zilhares de pessoas. Apareceu alguém na vida do Fredy que levou ele a uma vida de deleites e que isso lhe custou nada mais, nada menos do que a própria vida. Eu não estou falando sobre a sexualidade e nem vou falar. Mas olha só, ele tinha a mulher dos sonhos e da vida dele, estava no auge do sucesso, mas teve um "convite" da parte de alguém que no final do filme ele se refere a uma drosófila (drosophila); uma espécie de mosca que fica voando em cima de coisas que já apodreceram. Isso mudou toda a vida dele.

Sobre isso, quantas coisas as pessoas estão perdendo por conta de um prazer momentâneo e passageiro? Quantas histórias você conhece de vidas que acabam porque o que a pessoa já tinha deixou de ser satisfatório? Vamos simplificar? O que é que acontece quando a gente troca a razão pelas emoções do momento? Como cristã eu sei de uma luta que existe dentro da gente entre carne e Espírito, mas para o senso comum também estamos vivendo uma luta enorme entre a razão e o prazer. O que vale a pena sacrificar em nome do prazer e porque ele se tornou a coisa mais importante do mundo, que passa por cima de quem for pra se satisfazer? Passa por cima de família, de amigos, de valores, de quem quer que seja, o importante é ter prazer. 

A cena que mais me vem em mente no filme é a cara do ator que faz o Fredy quando ele entra naquele lugar cheio de luzes e de luxuria, o êxtase em saber que tudo o que ele nem imaginou poderia acontecer ali. O contraste dessa cena com a da Mary, segurando o telefone do outro lado da rua, com a luz acesa, tentando parecer animada com um brinde a nova vida do amor de sua vida. Eu fico pensando na Mary... Saindo um pouco do filme, eu sei que ela ficou ao lado dele até o final. Tem um clip em que o Fredy já está bem magrinho e que tem a foto dela o maquiando para o clip de These Are The Days Of Our Lives e eu me emociono sempre. A Mary não deixou de ser ela e o amou, e esteve com ele até o final. Inclusive no filme, quem vai atrás dele é ela.

Hoje eu acordei pensando: “Se ele tivesse feito escolhas mais pela razão do que pelo prazer, talvez ele estaria aqui hoje”. Ah Lygia, mas todo mundo tem o seu tempo certo aqui na Terra. Tem mesmo e todo mundo deixa lições do que poderia e do que poderia não ter sido feito e vivido. Quando eu vejo os integrantes do Queen, o Brian May tocando, o inacreditável Roger Taylor na bateria, eu lembro de outras bandas contemporâneas que estão na ativa, lembro da dor do John Deacon que não tocou mais nada por causa dessa perda, eu não posso deixar de pensar que ele poderia estar aqui. Talvez do lado da Mary, talvez não (dificilmente ou quase impossível que não), mas estaria aqui. 

E é essa reflexão que eu quero deixar contigo, já com um nó absurdo na garganta e os olhos marejados. Who Wants To Live Forever? (Quem quer viver para sempre?). Eu queria que ele tivesse vivido. Vale a pena trocar um prazer por uma vida inteira? 

Abração!
Ly

(Ah! Ouçam as músicas e prestem atenção nas letras, ainda é maravilhoso e inspirador).

sábado, 26 de junho de 2021

Aconteceu ontem a noite


Já devia ter passado da meia-noite, estava no sofá de bobeira quando ouvi um barulho de freios de carro, cantando os pneus e portas batendo. "Volta aqui pai! Vai atrás dele! A culpa é sua! Volta! Vooolta!" (Voz de criança).

Olhei pela janela, o pai estava andando acelerado e uma criança muito pequena que não devia ter mais que cinco ou seis anos gritando e correndo atrás do pai. Atrás da criança, sem correr, a mãe, deixando o carro todo aberto em frente ao prédio, na direção da minha janela. 

O filho correndo atrás do pai aos berros, o pai não olhou pra trás. A mãe indo buscar o filho. O carro todo aberto. 

Eu não sei o conteúdo da briga, quem estava certo e quem estava errado. Mas achei a cena muito pesada pra uma criança tão pequena assistir e tentar desesperadamente remediar. 

Eu não sou mãe, não tenho filhos (espero sim ter), mas já fui filha e algumas brigas foram assuntos de terapia por muitos anos, eu já na fase adulta. Então eu vou falar do jeito mais carinhoso possível: 

Pais, poupem os seus filhos do lixo mal resolvido de vocês. Só pensem nisso, por favor.

E é isso. Um pequeno desabafo porque ainda estou na cabeça com o grito desesperado da criança, vendo o pai indo embora e voltando pro carro aos berros de mãos dadas com a mãe. Era só pra colocar pra fora mesmo. 

Bom final de semana ❤️
Ly